Depois de alguns anos após a 1ª experiência com espetáculos
infantis, no caso o premiado Jogo da Memória, o Teatro Sarcáustico se
preparou para estrear mais uma produção para as crianças: o assombroso FRANKY/FRANKENSTEIN.
Ambos espetáculos partem do mesmo princípio: criar uma dramaturgia para as
crianças inspirada em histórias de terror. Se em Jogo... usamos um conto de
Stephen King (“The Body”), em FRANKY... nos debruçamos sobre um dos maiores
clássicos de horror de todos os tempos: Frankenstein, de Mary Shelley, escrito
em 1816.
Mas como adaptar uma obra tão terrível para a criançada?
Decidimos nos focar nos temas mais tocantes e sublimes da obra: a rejeição ao
diferente; a amizade sincera entre o monstro e o velho cego; e a luta contra a
solidão. A partir daí, demos vazão aos improvisos e aos devaneios da equipe.
Franky/Frankenstein é escrito pelos dramaturgos Daniel
Colin (vencedor dos Prêmios Açorianos e Tibicuera de Melhor Dramaturgia) também
diretor do espetáculo; Guadalupe Casal e Ricardo Zigomático (indicados a
Melhor Dramaturgia nos mesmos prêmios), e centra a ação na exclusão sofrida
pelo monstro, em uma sociedade que não aceita os “diferentes”. Ricardo
Zigomático (Prêmio Tibicuera de Melhor Ator Coadjuvante 2012 e Melhor
Ator 2014 por Frank...) e Guadalupe Casal ( Prêmio
Tibicuera de Melhor Atriz 2014, também por Frank...) se revezam entre
todos os personages da peça e a encenação se utiliza de dois filmes do cineasta
Tim Burton (Edward Mãos de Tesoura e Frankenweenie) como
referência para os elementos cênicos (dramaturgia, iluminação, figurinos e
cenografia), sobretudo no enfoque que eles dão à ideia do excluído e à
amenização do horror para as crianças. O clima geral da peça é o mesmo
daqueles antigos programas de terror, magistralmente homenageados por Burton em
Ed Wood e que, atualmente, não apavoram mais ninguém. Tudo é fantasioso, lúdico
e, por que não?, ingênuo.
O espetáculo conta ainda com a participação de duas
orientadoras pedagógicas, a Psicopedagoga (UNINTER) Patrícia Salge Lessa Colin
e a Dotoranda em Educação e Gênero (UFRGS) Catharina Silveira.
Proposta pedagógica de FRANKY/FRANKENSTEIN
O respeito pelo outro é um dos temas abordados no novo
espetáculo infantil do Grupo Teatro Sarcáustico, reconhecido pela forma irônica
de abordar temas contemporâneos. Um dos temas em voga no universo infantil é o
bulling, e, cada vez mais, parece pertinente trabalhar e explorar este assunto
nas diferentes instâncias em que circulam nossos/as pequenos/as. Partindo do
clássico Frankenstein, de Mary Shelley, o espetáculo Franky/ Frankenstein,
torna-se, no infantil do “Sarcáustico”, uma história de aceitação. Nela, os
atores narram a aventura de Victor, um menino curioso e solitário que decide
criar seu próprio melhor amigo: Franky, a criatura! Franky nasce diferente, bem
diferente do que o menino esperava. Depois de muitas confusões, Victor e Franky
vão entender que a amizade verdadeira nasce e se fortalece em meio a
diferenças, descobrindo que são as próprias diferenças que nos fazem iguais. O
tema abordado pela peça nos parece muito pertinente, pois mesmo em um momento
que ecoam discursos sobre a valorização das diferenças, a intolerância parece
se fazer cada vez mais presente entre nós. Parece-nos necessário conversarmos
sobre a aceitação e o respeito pelo outro! Franky/Frankestein é uma peça que
deseja possibilitar à nossas crianças um importante aprendizado: nossas ações
geram consequências e o mundo em que vivemos depende de nossas
atitudes!
As crianças, em especial na primeira infância, já percebem as diferenças entre os colegas, e, como educadoras, acreditamos que isto precisa ser conversado e trabalhado com os pequenos para que compreendam que estas diferenças não devam ser tomadas como algo negativo, tornando-se, assim, crianças capazes de construir relações mais respeitosas.
As crianças, em especial na primeira infância, já percebem as diferenças entre os colegas, e, como educadoras, acreditamos que isto precisa ser conversado e trabalhado com os pequenos para que compreendam que estas diferenças não devam ser tomadas como algo negativo, tornando-se, assim, crianças capazes de construir relações mais respeitosas.
O medo, um tema tão presente na infância, conduz a história
contada no espetáculo, de uma forma divertida, na qual as crianças vivenciam
este sentimento de maneira prazerosa e instigante. O grupo teve atenção e
cuidado para produzir um espetáculo que fale, brinque com o medo, sem ser
assustador! Nessa direção, acreditamos que o espetáculo é recomendado para
crianças a partir de três anos de idade, sendo, ao mesmo tempo, uma história
atenta a cativar também as crianças mais velhas, na medida em que o suspense e
aventura estão presentes na narrativa.
Convidamos as crianças a refletirem sobre suas diferenças,
seus medos e sobre a amizade, sendo nosso compromisso colaborar para uma
encantadora vivência teatral e uma valiosa aprendizagem para a vida!
Patrícia Salge Lessa Colin –
Psicopedagoga (UNINTER) e Pedagoga (UFRGS)
Catharina Silveria – Doutoranda em Educação e Gênero (UFRGS)
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