O Projeto

     Em 2016, o grupo completa 12 anos de pesquisa cênica continuada e propos ao FUMPROARTE (SMCPA) o projeto Formando plateias com FRANKY/FRANKENSTEIN, realizando 34 oficinas gratuitas de Formação de Plateia por 17 escolas municipais de educação infantil de Porto Alegre com uma parceira da SMED-PA.

       Constituindo as oficinas teremos: 17 (dezessete) encontros com Educadores, outros 17 (dezessete) encontros com educandos e 17 (dezessete) apresentações gratuitas do premiado espetáculo Franky/Frankeinstein... para as escolas. Este projeto ainda a realizará debates após cada uma das apresentações com intuito de promover na prática os conteúdos das oficinas.   
         
      O projeto também terá este blog específico como registro dessa iniciativa, com a divulgação de textos, imagens e vídeos das apresentações.

A proposta do Teatro Sarcáustico é não somente apresentar um espetáculo para seu público, mas também oferecer um outro produto, formar, informar, experenciar outras possibilidades com a plateia. Por isso, além do acesso físico aos espetáculos (todos com entrada franca), xs educandxs poderão ter um acesso também linguístico, pois através das Oficinas de Formação serão estimuladxs a efetivar uma leitura crítica, coerente e criativa da obra em questão, tornando assim a experiência estética ainda mais completa e importante. 
            Cabe lembrar que essas oficinas serão ministradas por profissionais integrantes do Teatro Sarcáustico que conforme sua formação são capacitados para ministrar diversas atividades, tais como: jogos teatrais, improvisações, outras técnicas usadas na própria montagem; despertar nos participantes o gosto pelo teatro, o interesse em dialogar com o espetáculo e com o grupo. Afinal, não podemos ignorar o fato de que muitxs educandxs da rede pública desconhecem esta arte e suas particularidades, então, esta oficina de formação de plateia, busca tornar este contato mais significativo, não apenas um evento, mas que possa deixar marcas e vontades de continuar prestigiando esta arte.

            Com base em outros projetos deste tipo, realizados principalmente em grandes capitais como São Paulo e usando como referencial alguns idealizadores dessa prática como Flavio Desgranges (Pós-Doutor em Artes Cênicas pela UFBA, escritor de A Pedagogia do Espectador/2003 e Pedagogia do Teatro: Provocação e Dialogismo/2006).
O objetivo das oficinas seria aproximar x espectadorx do próprio fazer artístico, ou seja, seria pressupor a implementação de dinâmicas que possam tornar xs participantes (neste caso, tanto os  educandxs quanto os educadorxs) mais aptos para interpretar (compreender artisticamente), tal como xs artistas que neste projeto (até mais que em outros!) irão implementar processos para interpretar (conceber artisticamente). Como nos esclarece Flávio Desgranges (2006, p.166):
“a leitura da obra pode-se assemelhar com a preparação dos artistas em período de concepção do espetáculo, tendo em vista que os receptores são também criadores, e , se forem estimulados a investigar possibilidades de construção do discurso cênico a partir de propostas semelhantes as experimentadas pelos artistas, terão melhor conhecimento dos aspectos lingüísticos utilizados naquele espetáculo”.

Pois, popularmente falando: “ninguém ama aquilo que não conhece”, muitos tem até verdadeira aversão a teatro, pois dizem não entender nada, contudo esta oficina tem como prioridade oferecer um mergulho do público na temática e nos elementos próprios da cena envolvendo mais, aproximando x espectadorx do espetáculo, dando aval para sua interpretação.

As turmas serão divididas para que a Licencianda em Teatro, Guadalupe Casal, possam orientar os educadorxs a assimilarem as propostas da Oficina, associando-xs a processos pedagógicos que possam ser trabalhados futuramente com xs educandxs. Com educadorxs também orientados enquanto formadorxs de plateia, nosso trabalho poderá ser aprofundado ainda mais através de processos oriundos das experiências entre estes educadorxs e seus educandxs no futuro.
            Porém, convém deixar claro de que não se trata de uma prévia análise ou interpretação do objeto artístico propriamente dito, não queremos trazer respostas, explicar, mas sim questionar, aguçar, sensibilizar a percepção dos espectadorxs, fazendo-xs inclusive entender um pouco mais sobre o processo vivido pelos próprixs artistas no fazer teatral. Mas nunca fechar para uma única possibilidade de leitura, já que não existe um jeito certo, o que a oficina quer é estimular o público a efetivar uma análise pessoal da cena.


Sobre os debates gratuitos

            A demonstração de um processo artístico, um quadro num museu, a apresentação de um espetáculo, a leitura de um livro, enfim, as diferentes formas de expressão artística despertam curiosidade no público de formas variadas. Dizemos curiosidade tanto no sentido de ampliação do olhar que a obra de arte traz à vida das pessoas, quanto no sentido de as pessoas desejarem saber como foi que se chegou até aquele resultado. Por isso, acreditamos que o debate é uma excelente forma de saciar esta curiosidade, bem como é um espaço para x artista ter uma melhor percepção de como sua obra está chegando no público, trazendo à tona a diversidade do público e como a pluralidade deste interpreta uma obra dentro das inúmeras leituras possíveis de um único objeto estético.

            O debate, por conseguinte, promove a formação de plateia de uma maneira mais direta, pois cria um elo entre artista e público para além da relação consumidorx/produto, prestigiando o público pela proximidade que se estabelece com x artista, onde o diálogo auxilia no entendimento das questões tratadas pela obra e numa maior compreensão sobre as formas com que se produz um trabalho de arte. 

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